O que é o PISA?
O Programme for International Student Assessment (Pisa) - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - é uma iniciativa de avaliação comparada, aplicada a estudantes na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países.
O programa é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em cada país participante há uma coordenação nacional. No Brasil, o Pisa é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Em 2015, a aplicação do Pisa será 100% por meio do computador, com foco em Ciências. Novas áreas do conhecimento entram nas avaliações: Competência Financeira e Resolução Colaborativa de Problemas. No Brasil, a realização do Pisa ocorre no mês de maio para estudantes selecionados de todos os estados. A avaliação vai envolver, aproximadamente, 33 mil estudantes nascidos no ano de 1999, matriculados a partir do 7º ano do Ensino Fundamental, distribuídos em 965 escolas. As informações contextuais serão coletadas por meio de três tipos de questionários: Questionário do Aluno, Questionário do Professor e Questionário da Escola.
A Evolução da Educação na Finlândia
A nossa comitiva foi privilegiada ao ter tido não apenas um, mas dois encontros com Mrs. Eeva Pentilla, uma das mais respeitadas vozes em Educação da União Européia e responsável pelas escolas de Helsinque. Mrs. Pentilla, nos fez dois longos e apaixonantes relatos sobre a educação de seu país e nos confidenciou que pouco antes de sair o resultado do exame do PISA havia marcado uma reunião para discutir alguns pontos que considerava que não estavam nada bons nas escolas de Helsinque!! - Foi uma surpresa o 1º. lugar, não somos muito bons em matemática, gastamos mais tempo ensinando línguas, disse.
O sistema educacional da Finlândia é pequeno se comparado a muitos estados brasileiros. São 161 escolas básicas, as comprehensive schools – de 7 a 16 anos e 38 escolas secundárias, que totalizam pouco mais de 70 mil estudantes. Soma-se a este sistema os 26 mil alunos matriculados nas 37 escolas vocacionais ou técnicas, 130 mil nas 31 politécnicas e 176 mil nas 20 universidades.
No período em que a Finlândia fez parte da Suécia, a educação era feita pela igreja, que exigia que toda pessoa que quisesse se casar na igreja deveria saber ler. Saber ler é fazer parte da sociedade, é muito importante um indivíduo ser aceito pela sociedade, ser aceito pelo vizinho, afirmam os finlandeses. Assim, esta idéia persiste até hoje, a única mudança é que a sociedade não quer só; saber ler, quer também a conclusão de todo o ciclo escolar básico.
Em 1970 houve uma grande revolução na educação finlandesa. Isso foi necessário pois no antigo sistema 20% no máximo completava o ciclo básico. Em 20 anos a Finlândia reverteu significativamente essa porcentagem. Já em 2004, as estatísticas mostraram que 9 alunos estavam fora da escola, e atualmente, 12 alunos. Notem, não estou me referindo à porcentagem! E esses 12 alunos têm ocupado o tempo de vários educadores buscando diferentes formas do sistema educacional reabsorvê-los.
No antigo sistema só a educação primária de 6 anos era gratuita, o restante da educação era paga. Em 1970, a educação básica passou a ser obrigatória e gratuita e com 9 anos de escolaridade e funcionamento das 8 às 15 horas. Também são gratuitos, durante os primeiros 9 anos, o transporte, a refeição e todo o material escolar. Após este período, os alunos têm que pagar os livros.
Na Finlândia, não se ensina a ler no ensino pré-escolar - a criança tem o direito de ser criança por mais tempo, ensinam, e está pronta para aprender a ler a partir dos 7 anos, afirmam.
Respondendo sobre a principal diferença entre o sistema educacional sueco e finlandês, Mrs. Pentilla deu o seguinte exemplo: se pais suecos saem para esquiar com o filho e o filho cai, eles correm para acudir; pais finlandeses, na mesma situação, simplesmente olham e dizem: - se levanta você é capaz, você consegue. Assim, a palavra de ordem no sistema educacional finlandês é: AUTONOMIA.
Existem escolas privadas na Finlândia, as independentes, como são chamadas. Todas são gratuitas, totalmente financiadas pelo Estado e abertas ao controle do Estado. A expansão do ensino privado é bastante incentivada pelo governo - só o setor privado reúne condições para atender às necessidades de uma sociedade que demanda por serviços educacionais cada vez mais diversificados.
Os reitores das escolas independentes, assim como os das públicas, são executivos recrutados no mercado, que têm que provar, ano a ano, que aplicaram bem os recursos recebidos para continuar no cargo.
Na Finlândia as escolas são consideradas um ótimo local para se trabalhar. Muitos querem atuar nas escolas, especialmente na docência. O prestígio dos professores é alto. Esses profissionais são valorizadíssimos e é comum auferirem salários superiores aos dos reitores, e ganham ainda mais aqueles que ensinam nos dois primeiros anos iniciais, considerados os mais importantes na motivação da aprendizagem. Se não forem adequados, podem interferir negativamente em todos os anos seguintes, afirmam. Os professores que atuam no nível fundamental contam com um suporte de psicólogos para atendê-los.
Se alguns alunos têm continuamente problemas de aprendizagem, a escola dispõe de professores especiais para recuperá-los. Na prática, se a dificuldade é em matemática, o aluno vai estudar com um professor especializado em problemas de aprendizagem, não com um professor de matemática. E a “recuperação” não ocorre após as aulas: mais tempo não motiva a criança ao aprendizado, pelo contrário, só faz cansá-la ainda mais. Também não são dados muitos exercícios aos alunos com dificuldades de aprendizagem - a quantidade de tarefa escolar é de acordo com as necessidades de cada um. E, ademais, as aulas e os exercícios escolares são organizados de tal forma que o aluno tenha tempo para o lazer.
Os alunos com dificuldades de aprendizagem não muito severas, estão integrados na mesma turma, e neste caso, a classe conta com um professor assistente. Pode ocorrer de ter 2 ou 3 professores em sala de aula. Para aqueles com dificuldades mais sérias, há escolas especializadas que funcionam dentro das escolas normais.
A formação do professor é feita na universidade que dura de 5 a 6 anos, a do professor-assistente, nas escolas politécnicas. Assim como a dos médicos é na universidade e a dos enfermeiros, na politécnica.
Em Helsinque para cada 800 alunos há um psicólogo e um assistente social, com locais de trabalho próprios dentro das escolas. Todos os alunos quando ingressam na escola têm uma entrevista com o psicólogo e com o assistente social. Graças a essa rotina de entrada, mais tarde, se eventualmente vierem a precisar de ajuda, não se sentirão estigmatizados pois já os conhecem.
As mulheres finlandesas são consideradas “beges”, ou seja, são as que menos gastam com cosméticos em toda a União Européia, por outro lado, são bem motivadas para os estudos. Segundo resultado de uma pesquisa, elas atribuem muito valor ao homem que esteja no mesmo nível intelectual. Do universo feminino 70% tem curso superior, contra 40% do masculino, e a tendência é aumentar, na medida em que as mulheres vêm obtendo melhores resultados nos históricos escolares.
Muitos homens, por não terem cursado a universidade nem a escola politécnica, estão fora do mercado de trabalho. Isso pode ser uma das causas pela qual a Finlândia enfrenta um problema bastante sério – o alto índice de suicídio, especialmente dos homens entre 20 e 30 anos. Diante disso, os responsáveis pela educação vêm desenvolvendo intensamente ações para ampliar a participação masculina no ensino superior.
Um dos aspectos que contribuíram para os excelentes resultados no PISA é o nível de formação das mães, que é alto na Finlândia. Cabe mais à mãe e não aos pais, a responsabilidade em motivar os filhos à aprendizagem. Soma-se aos bons resultados os alunos serem motivados, permanentemente, a ler muito.
É um mau exemplo na Finlândia os pais levarem as crianças de carro à escola. Elas são levadas a se virarem por si mesmas.
Uma tradição finlandesa muito popular é o hábito de se fazer sauna. Como a escola deve ser uma extensão da casa e toda casa tem sauna, então na escola também deve haver uma. E regularmente alunos e professores fazem sauna, e não são encontros puramente festivos ou de lazer, são oportunidades para contextualização de conhecimentos.
Não há câmeras espalhadas pelas escolas, em hipótese alguma. As escolas são ambientes familiares - se não há câmeras nas casas não haveria razão de tê-las nas escolas. Em algumas escolas, alunos, professores, e funcionários, tiram os sapatos ou tênis com intuito de fazerem menos barulho e também para se sentirem mais confortáveis como se estivessem em casa.
Registra-se que durante as visitas às escolas não houve citação de nomes de teóricos que dão sustentação ao ensino na Finlândia. Enfaticamente é reforçada a autonomia dos professores, a confiança depositada neles no fazer bem o trabalho de ensinar. Há métodos de alfabetização específicos para ensinar famílias de imigrantes, outros, para ensinar crianças com maior nível de informação e domínio da língua, enfim, a educação é individual não é algo que se faça em massa.
A Evolução da Educação na Coreia do Sul
Até o início da década de 60 a Coreia do Sul, oficialmente República da Coreia, era um país agrário e pobre, numa península dividida ao meio pela guerra fratricida com a Coreia do Norte (1950-1953), com o trauma de mais de um milhão de mortos. Um em cada três coreanos era analfabeto e boa parte da população passava fome. Apesar disso, em 40 anos o país virou um "tigre asiático" e se tornou o 13o PIB mundial. Hoje, oito de cada dez habitantes ingressam na universidade. Para mudar, os coreanos revolucionaram seu sistema educacional, desde o nível mais básico até a pesquisa científica.
O país entendeu que a chave para o êxito do ensino superior era concentrar recursos no ensino fundamental. Hoje, a Coreia investe 4% do PIB em educação e todas as suas salas de aula são equipadas com computadores modernos, conectados à internet por banda larga. A internet é uma mania nacional e o país, campeão mundial em fibras óticas e banda larga (100 Mbps). Nove em cada dez residências usam a rede. Todos os alunos do ensino fundamental e médio recebem livros didáticos digitais gratuitamente. Desde cedo as crianças são estimuladas a pensar no futuro e no país com visão empreendedora. Com 7 anos já simulam entrevistas de emprego e as escolas trabalham sob slogans como "Economia Forte É País Forte", ou "Economize um Centavo, Orgulhe Seu País".
Uma administração centralizada supervisiona e administra as escolas com uma política coerente de estímulos a professores e alunos. O sistema de reconhecimento de mérito premia os bons professores e os estudantes desde a escola até as últimas etapas do aprendizado. Os mais talentosos são automaticamente incentivados com bolsas de estudo e cursos extracurriculares. Os professores são vistos como elementos-chave do processo educacional e gozam de alto prestígio na sociedade. Trabalham em regime de dedicação exclusiva a uma única escola e são proibidos de manter um segundo emprego. Estão entre os mais bem pagos do mundo: um profissional experiente pode ganhar US$ 6 mil mensais.
Universidade da Coreia, um dos vários centros de excelência de ensino superior.
Outro aspecto decisivo do sistema é o envolvimento familiar. Pais seriamente comprometidos tornam os filhos motivados e criativos. É comum as famílias investirem cerca de 20% de seus rendimentos no custeio de cursos extracurriculares para os filhos. O governo apoia a cultura do esforço familiar e investe na construção de grandes bibliotecas, com vastos acervos e recursos tecnológicos que atraem famílias inteiras nos fins de semana.
Os investimentos na construção do capital humano foram fundamentais para a arrancada do desenvolvimento econômico. Num passado não distante, a Coreia do Sul e o Brasil compartilhavam semelhanças. Em 1960, ambos eram países subdesenvolvidos que patinavam em índices socioeconômicos calamitosos e taxas nefastas de analfabetismo rondando os 35%. Na época, o Sudão e a Coreia do Sul tinham a mesma renda per capita: US$ 900 anuais. O Brasil então estava à frente, com o dobro desse valor.
Até 1987 a Coreia foi um foco da Guerra Fria, atravessada por uma zona desmilitarizada que separa tropas norte-coreanas apoiadas por chineses e soviéticos, ao norte, de tropas sul-coreanas e norte-americanas, ao sul. A instabilidade política gerou várias ditaduras e golpes militares, mas desde as manifestações democráticas e as eleições de 1987, o país mantém a estabilidade e o desenvolvimento econômico.
Em 40 anos, Brasil e Coreia do Sul se distanciaram dramaticamente nos rankings educionais. O analfabetismo coreano foi erradicado e hoje 82% dos jovens frequentam universidades. O Brasil ainda tem entre 9,7% e 11% de analfabetos e apenas 18% de estudantes na universidade. A economia coreana cresce vigorosamente e a população alcançou um alto nível de bem-estar social. A Coreia é o terceiro maior detentor de patentes no mundo, depois dos Estados Unidos e do Japão.
Os jovens sul-coreanos estão entre os melhores em matemática, ciências e leitura, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 97% dos estudantes completam o ensino médio, o mais alto percentual entre os países pesquisados. Em uma avaliação de rendimento escolar de 40 países, a Coreia se saiu como o sistema mais igualitário, com diferenças mínimas entre os alunos, alcançando o terceiro lugar em matemática e o quarto lugar em ciências, enquanto o Brasil, que rejeita a implantação da meritocracia nas escolas, ficou, respectivamente, com a última e a penúltima colocação em ambas as matérias.
A Coreia não apenas investe muito em educação, como também faz uso mais eficaz e responsável do dinheiro. Os coreanos gastam duas vezes mais na formação de um universitário do que na de um aluno de ensino fundamental, o que é uma proporção equilibrada para os padrões internacionais. No Brasil, um universitário custa 17 vezes mais.
A virada começou com uma lei tornando o ensino básico prioridade e gratuito. Cerca de 50% das escolas de ensino médio são privadas e as faculdades são todas pagas, mesmo as públicas. Uma criança sul-coreana fica, anualmente, um mês a mais na escola do que uma criança norteamericana.
O sistema educac ional coreano premia os estudantes talentosos e recompensa os bons professores - é a meritocracia em ação
O governo incentiva pesquisas tecnológicas estratégicas e articula a aproximação das instituições acadêmicas e científicas com os chamados chaebol, os conglomerados de empresas como Hyundai, Samsung e LG Electronics. A Coreia é um país inovador em campos como investigação aeroespacial, robótica, biotecnologia, transporte, energia e comunicação. Atualmente, está determinada a virar uma economia "verde", com baixa emissão de carbono e muito reflorestamento.
Sites para mais informações:
http://portal.inep.gov.br/pisa-programa-internacional-de-avaliacao-de-alunos
http://cadec.com.br/component/content/article/45/92-a-educacao-na-finlandia-e-na-suecia-e-as-razoes-do-sucesso-na-avaliacao-do-pisa.html
http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/reportagens/o-que-e-que-coreia-tem
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