Nada como algo baseado em
fatos reais para servir de inspiração na vida de muitas pessoas, não importa
quais sejam os temas. Assim é com o filme Escritores
da Liberdade, na direção de Richard Lagravenese inspirado no best seller O Diário dos Escritores da
Liberdade.
A história aborda a vida de
uma classe de alunos deficiente em educação, que sofrem com a criminalidade e
preconceito social e racial. Suas histórias são narradas pelos próprios estudantes,
cada um com suas experiências e problemas pessoais. Com a chegada de uma nova
professora, que através de seu empenho de melhorar a evolução daquela classe,
suas vidas mudam e eles começam a olhar seus problemas de uma forma diferente
até encontrar uma solução.
O filme, transmite diversas
maneiras da relação professor/aluno através das cenas da professora com os
estudantes, tanto no lado emocional, como na didática. A professora analisando
as dificuldades de sua turma, usou de vários recursos didáticos para chamar
atenção dos alunos, e com isso, ela conseguiu alcançar seus objetivos de fazer
seus alunos superarem seus problemas, acreditar em si mesmos, lutarem pelo que
eles acreditam pelo modo correto (não pela violência) e não olharem mais suas
vidas como algo perdido, mas mesmo nas dificuldades que eles viviam, poder
enfrentar as situações na esperança de conseguirem o melhor. Tudo isso pelo
método do incentivo: ela nunca deixou de instigar seus alunos a buscarem
soluções para suas dúvidas através de seus métodos didáticos. Podemos inserir
nesse método de incentivo, quando a professora faz seus alunos lerem o livro O diário de Anne Frank e através da
história da jovem judia, eles escreverem se inspirassem a escrever suas
próprias histórias, o que sentiam e experiências no mundo fora da sala de aula.
Contudo, observamos que
professores como Erin Gruwell, é difícil de encontrar nos dias de hoje. A
educação em nosso cotidiano está em falha, o estado não cumpre o seu dever de
fornecer educação e há muitos professores desacreditados em sua profissão.
Percebemos, então, que o filme é mais um incentivo para os professores do que
para estudantes. É o professor quem deve tomar a iniciativa de fazer valer a
pena suas aulas, lutar pelos alunos, como foi Erin (não esquecendo que a
história foi real, então há esperança para quem quer). A cena em que a
professora conversa com a diretora Margaret
demonstrando indiferença pelos alunos, não acreditando na capacidade que
eles tinham (e que somente Erin acreditava), não fornecendo os melhores
materiais, entre outros momentos, revela exatamente como está a educação em
muitos lugares, principalmente no Brasil. Não há aluno que se empenha, ou pelo
menos se comova com vontade de mudar, se não houver quem o incentive, e nesse
momento que o professor deve fazer o seu dever.
Hoje, com toda a
transformação das gerações, o professor tem que dialogar mais, conhecer os alunos
e o principal: acreditar na capacidade. Nenhum professor e a escola como um
todo (corpo docente) deve desacreditar na capacidade dos alunos, não importa se
o aluno tenha um bom ou fraco desempenho. E Erin, por sua vez, não desistiu de
fazer os alunos acreditarem na própria capacidade até eles quererem a mudança
para si mesmos.
Entramos então, em nossa
cena preferida, quando os alunos visitam o museu de sobreviventes e holocausto
na história dos judeus e começam a querer olhar o mundo diferente ao seu redor,
abrindo seus corações para o que realmente sentem e pensam de suas vidas
através das escritas nos diários e mudarem seus comportamentos. Analisando essa
cena, observamos que muito o professor pode influenciar na vida de um aluno,
seja bom ou ruim. Todos os momentos o professor é colocado a prova, sendo
julgado bom ou ruim através de sua didática dentro da sala de aula, estando
exposto a boas ou más impressões. O aluno, por sua vez, tem que fazer sua parte
em querer mais de si próprio, mas a figura do professor, aquele que tem todo o
conhecimento, experiência de vida e até autoridade e respeito, está em
evidência para impor tudo isso aos seus alunos. São poucos os que sabem fazer a
diferença.
Portanto, acreditamos que a
escola não deve ser “professor-livro didático-aluno-lousa”, mas ser muito além
da sala de aula, ser uma interação da vida real com a escola e o que os alunos
podem aprender com toda uma dinâmica diferente. As cenas em que os alunos
visitam o museu, a entrevista com Miep Gies, a faixa vermelha que a professora
coloca no meio da sala fazendo perguntas pessoais para seus alunos, são cenas
que incentivam o aluno a olhar o aprendizado de um modo completamente diferente
do modo padrão e isso faz a diferença.
Para uma escola tradicional,
como era a escola na história da professora Erin, sair do padrão, precisou da
professora carregar toda a dificuldade de uma sala deficiente ser transformada
através da sua resistência e amor pela profissão e e é exatamente o que falta
hoje em dia, e muitos os alunos que precisam desse incentivo. São raras
histórias de estudantes que fizeram a diferença através de um bom ensino
público, ou mesmo privado, pois o que mais observamos nessas histórias são o
empenho e dedicação de ambos os lados (professor e aluno) e é isso que o Brasil
e os demais países de ensino deficiente precisam, de alunos e professores que
rompem barreiras do comodismo e acreditar que há esperança.
Segue o trailer do filme:
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